um dia de cada vez
tento viver, ir vivendo, sempre ...
acordo, sem forças, sem vontade, sem alegria, com dor, martela a dor, como martela ...
mas me levanto, porque deitar e dormir, já me dói o corpo, e ele já reclama, ele mesmo reclama, já....
e levanto, agarrada ao que próximo está de mim tentando segurar-me, pois o corpo já não reage
e debaixo do duche tento encontrar, renovar forças...
visto-me, sem ligar ao quê, prendo o cabelo, loiro e encaracolado, que teima em não assentar, bem ... como outrora ...
como, minto, bebo, bebo algo, para conseguir fumar o primeiro cigarro do dia, que faz estremecer o meu corpo, todo, como se fosse o primeiro, de milhões que já lhe entreguei...
e saio, saio sem sair, porque nada vejo, sem ser o objectivo que leve em mente e me faz seguir, dia a dia...
olho os pássaros voando, chilreando, e invejo-os
e invejo, o sol, o ar, a brisa que me toca o rosto e já não me faz sentir... nada
mas sigo, e sigo, até ao final da tarde, quando regresso, a casa, casa??? não tenho casa, é simplesmente onde me refugio, sequer é minha, não a sinto minha!!!
e corro, corro para aquilo que me faz enfrentar o resto do dia, da noite, que me adormece, me acalma, me afasta de tudo, da dor, da minha dor que ninguém enfrenta comigo, nem sequer a sentem, por muito que grite ...
e cai a noite, e deito, mais uma vez deito, e o leito é a a minha benção, o meu refúgio, e os momentos que fecho os olhos, na escuridão, no silêncio, entrego-me a ele, e vou apagando, apagando aos poucos, e desejando com todas as forças, que o outro dia, a luz, a luz que magoa do novo dia, não venha tão depressa como costuma vir..... mas vem, sempre vem... e mais uma vez ....
acordo, sem forças, sem vontade, sem alegria, com dor, martela a dor, como martela... Deus meu, como martela!!
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