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Pare o mundo que eu quero descer ...


Raul Seixas


tentando fazer poesia
do que me arranca a Alma,
ela mesma, mesmo que seja em pranto ...
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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Porque Somos, então....




Sabem,

que é a Vida

sem um dia, fugaz
nos é levada
por algo irreconhecível

algo, que nos retira
o pouco que somos, aqui
neste espaço,  planeta, dizem ...

e somos, retirados de tudo
conhecidos, amigos
experiências,
e tudo o mais que fomos??!!

e lá vamos, nós, todos
em caixão, tragados
num escuro, selado
sem saber se sentiremos dentro
o corroer dos vermes que devoram

e nosso, corpo
mal-tratado ou bem em vida
vai para ao mesmo sítio de todos

baixo terra, ou devorado pelo fogo
ficamos a ser
apenas
nada
daquilo que

tanto nos esforçamos para ser
para Ter
para amar
para erguer
com, tal esforço, que nos levou o próprio ser

e o que nos fez, passar, neste mundo
desilusões, dores, amarguras,
alegrias, canduras, e quereres, muitos...

para, num segundo
sem sequer saber
retirar-nos nossa essência, de ser
nossa procura, incessante de saber

de um  mistério, atroz, que não se nos revela
nem que preguemos, e entreguem nossa alma

para perceber, o que somos
o que seremos

porque vivemos
e viemos aqui, sem sequer pedir

porque, errando
se nos monstra, apenas
que não somos merecedores de algo que não pedimos
e que fomos forçados a viver, sem querer

e os beijos, deixados, em  vão...
naqueles que demos, em vida
e que já esqueçemos

e os abraços, que demos
quando mais precisaram
e estavamos lá...

e o apoiar incondicional
quando uma outra alma se nos apresentou aflita

que foi, é, de isso tudo

quando, num segundo
nos é devorada a própria Vida
que não sabemos de onde saíu

e nos é retirada...
sem mais...

apenas porque somos Gente...

somos Vida??!|!





quarta-feira, 21 de março de 2012

Assim me sinto



 Imagem: Autor:©Alborova

é isto a Vida??!!
escura, sem cor, prata corroída?

assim me sinto

é isto a Vida?
dor, desilusão, sem sabor a nada?

é isto a Vida?
luz apagada, ventos, tornados,
chuva que caí dentro sem cessar?

é isto a Vida?
nascimento, luta, hora consumída?
vanidade sentida, odor a vala?
duelo, combate sem findar?

assim me sinto

Analuz



terça-feira, 25 de outubro de 2011

Conte Comigo


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domingo, 11 de setembro de 2011





Sou talvez a visão que alguém sonhou
Alguém que veio ao mundo prá me ver
E que nunca na vida me encontrou
   

Florbela Espanca

terça-feira, 26 de julho de 2011

Lágrimas ocultas


Lagrimas ocultas


Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...


E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!


E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...


E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim! 
 
 
FLORBELA ESPANCA

domingo, 26 de junho de 2011




Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?

Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
 
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
 
Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
 
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.


(Carlos Drummond de Andrade, in Lição de Coisas)

sábado, 29 de janeiro de 2011

EU de Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada… a dolorida…
Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino, amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!
Sou aquela que passa e ninguém vê…
Sou a que chamam triste sem o ser…
Sou a que chora sem saber porquê…
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Florbela Espanca

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Tortura

Tirar dentro do peito a Emoção,
A lúcida verdade, o Sentimento!
-- E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza esparso ao vento!...

Sonhar um verso de alto pensamento,
E puro como um ritmo de oração!
-- E ser, depois de vir do coração,
O pó, o nada, o sonho dum momento...

São assim ocos, rudes, os meus versos:
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!

Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!

                            Florbela Espanca

sexta-feira, 11 de junho de 2010

MEU DEUS





Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio
como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde,
entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar
com este vazio tremendo
e receber como resposta
o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar,
sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
meu PECADO DE PENSAR.

Clarice Lispector

terça-feira, 18 de maio de 2010

Florbela Espanca


Exaltação




Viver!... Beber o vento e o sol!... Erguer

Ao Céu os corações a palpitar!

Deus fez os nossos braços pra prender,

E a boca fez-se sangue pra beijar!



A chama, sempre rubra, ao alto, a arder!...

Asas sempre perdidas a pairar,

Mais alto para as estrelas desprender!...

A glória!... A fama!... O orgulho de criar!...



Da vida tenho o mel e tenho os travos

No lago dos meus olhos de violetas,

Nos meus beijos extáticos, pagãos!...



Trago na boca o coração dos cravos!

Boémios, vagabundos, e poetas:

--- Como eu sou vossa Irmã, ó meus Irmãos!...



Florbela Espanca

Aquilo a que a lagarta chama fim do mundo, o homem chama borboleta.
(Richard Bach)







Somos prisioneiros da vida e temos que suportá-la até que o último viaduto nos invada pela boca adentro e viaje eternamente em nossos corpos

Raul Seixas

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